quarta-feira, 17 de março de 2010

Duelo

Voltei à casa de Luiza depois de seis meses sem dar notícias. Parei por alguns segundos de frente ao portão buscando a coragem que me havia suprimido a vontade de amar. Duas sombras me chamaram a atenção por trás da cortina. Vi um homem saindo, selando a despedida com um singelo beijo em Luiza. Meu punho automaticamente se fechou. E o encarei com os olhos ígneos. O sujeito acendeu um cigarro. E como se quisesse, feito um bicho, demarcar território, também quis acender um. Eu não fumo. Pela primeira vez na vida me arrependi de não ser fumante. Minha posição agora era de inferioridade ao sujeito, que baforava com completa arrogância aquele cigarro. Me restou fazer ruídos com a boca. Eu chupava os dentes (como o meu pai depois de comer), como se tivesse sugando uma nesga de carne entre eles. Coisa de macho. Talvez isso o intimidasse. Mas ele não se resignou e acendeu mais um com a ponta do outro. Eu estava em desvantagem psicológica. Fui de encontro ao desconhecido. Os punhos fechados. Com um peteleco o homem jogou fora o cigarro, ao qual sorvera de soberba na minha frente. Um soco e dois chutes na boca do estômago o sujeito me acertou. E me deixou retorcido na calçada. No chão eu silabava desculpas com dificuldade. Mais uma vez Luiza cuidou de mim.