terça-feira, 20 de setembro de 2011

Ariane

Não sei mais o que fazer. Ariane agora deu para arrancar cadarços. Morder a quina do sofá. Não fosse meu amor sempre fresquinho e prontinho para perdoar, ela estaria frita.
Às vezes me pego acariciando seus cabelos enquanto ela dorme. Até a hora em que acorda com a garganta arranhando, de respirar pela boca. E me dá um bote. Reflexo, retroflexo. Mania de quem cisma em não querer afagos. E me morde com a boca cheia de dentes, muro de caco de vidro pontiagudo, borda de copo quebradinha, remela matinal ressecada cortante no canto do olho. E me lambe. Depois de machucar me lambe. Como quem diz: Aqui quem manda sou eu! Escarro e beijo, e você volta pra mim! E volto. Ela sabe. Acho que gosto assim. É simples, prático, como os sucos de caixinha que nos deixam mal acostumados.
Ah, Ariane! Você tem sorte. Sorte sua ser cheirosa. Cheirosa e quentinha. Quentinha e macia. Macia e gostosa de apertar. Coisa fofa. Meu mimo. Minha vaidade.