sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Frisson

para Camila Szabo


vamos encostar
nossos corpos agora
neste calor de novembro?

quem sabe o suor nos cause arrepio
e tua perna encoste na minha
e ao tocar tua pele
meus lábios encontrem o sabor
que sugerem teus poros
da saliência de teus pêlos



terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conto de criança

Desde muito pequeno, costumava brincar de ser vendedor. Me despertava muito interesse a idéia de trocar coisas por dinheiro. Eu sempre vasculhava a casa à procura de alguma coisa que fosse velha, que não tivesse mais uso, que meus pais não se importassem mais, ou que estivesse, simplesmente, esquecida em algum canto, para que eu pudesse usá-la em minhas brincadeiras de vendedor.
Lembro-me que, num desses dias em que eu futucava tudo na casa atrás de algo novo, achei um monte de argolas pequenas no meio de umas tralhas que ficavam num baú que tínhamos. Não sei de onde surgiram, mas estavam lá, sem ninguém para se intitular dono. Nem meu pai, nem minha mãe ponderaram a respeito das pequenas argolas, que passaram a me pertencer desde então.
Elas eram pequenas (pequenas o suficiente para que coubessem nos meus dedos também pequenos) e serviam como anéis. Eram bonitinhas, funcionavam mesmo muito bem como anéis.
Já que eu tinha bastante, me veio então a sagaz idéia de vendê-las para os meus amiguinhos da escola. Lembro-me que ninguém despertou muito interesse em adquirir meus anéis prateados, exceto o Leonardo.
Leonardo era um menino engraçado, um pouco alto para a sua faixa etária, meio desajeitado, moreno chocolate e tinha sempre os cabelos desarrumados. Ele sentava na carteira bem à minha frente, e sempre muito tagarela, vivia virado para trás a conversar comigo.

— Amendoim, o que é isso aí? Perguntou ele cheio de curiosidade, vendo o que eu tinha espalhado pela minha carteira.

E antes de qualquer risada ou espanto do caro leitor, era assim que ele me chamava, Amendoim, e não me perguntem o porquê, porque não faço a menor idéia do motivo do apelido.

— São anéis, respondi cheio de entusiasmo, vendo que ali eu poderia ter um propenso cliente. Estou vendendo. São 50 cruzeiros. Disse eu ao Leonardo.
— Coisa de menina! Retrucou ele.
— Coisa de menina nada, experimenta aí pra você ver.

Mesmo meio desconfiado, Leonardo pegou uma para experimentar. O meu medo era que as argolas não coubessem nos dedos dele, pois como eu já disse, Leonardo era um pouco maior para o padrão de tamanho dos meninos da nossa idade. Mas coube e ele gostou.

— Vou querer cinco! Disse ele todo garboso.

250 cruzeiros. Fiquei todo bobo. Era um ótimo lucro para um novo micro-empresário.
Fiquei esperando ansiosamente a hora do recreio, pois pretendia ter um verdadeiro banquete, como nunca havia tido antes; e convidar a Cíntia, que era a menina mais linda da escola, para lanchar comigo. Mas, infelizmente, antes do sinal do recreio bater, o meu melhor e único cliente, que antes parecia super satisfeito, agora queria seu dinheiro de volta.

— Não dá, não aceitamos devolução. Disse eu ao Leonardo, já com um discurso de mega-empresário.
— Amendoim, eu não quero mais, me dá o meu dinheiro e toma esses seus anéis! Retrucou ele com uma voz bem firme.

Bom, como vocês já sabem, Leonardo era um menino com um porte físico acima da média dos meninos da nossa idade, portanto, ele não teve que se esforçar muito para me convencer a devolvê-lo o dinheiro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

dois de setembro de dois mil e quatro

hoje eu só quero ficar
andando livre na areia
os pés descalços na praia
vendo o marulho do mar

hoje eu só quero ficar
com minha tarde faceira
pescando todas estrelas
que se afogam no mar

só preciso de uma brisa
e do frescor da espuma…

agora apago as pegadas
que me recordam as suas

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Memórias de uma TPM

não sei o que aconteceu de uns tempos pra cá
acho que foi a dureza e
a falta de tempo juntas
sabotando o meu guarda-roupa

e ainda por cima
estou me sentindo meio gripando hoje
espirrando direto
cansaço no corpo
garganta doendo
estou puta
não encoste em mim
não gosto que encostem em mim
e não venha me dizer que é tudo assim mesmo


ficar alegre?
rá rá rá!
vai ficar pra próxima
meus hormônios
me dominaram totalmente hoje
estou mega deprimida
com uma dor de cabeça que não passa
pelo menos o buscopan
deu jeito na merda da cólica
mas no meu computador ele não dá jeito
não sei porque mas
a barra de espaço está apagando as palavra

quero muito ir pra casa
ficar bem quietinha no meu canto
e esperar passar
essa dor vermelho âmbar
que se fossiliza bem aqui!

que fome
por que chocolate
não tem a mesma quantidade de calorias
de uma saladinha de alface?

não, não vou chorar
porque os olhos só coçam
quando a mão está cheia de sabão.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Libaneses

o ar cheira a lavanda
e o calor é latente
em pleno inverno
e o sabor é de nada
nada na boca
nada no pensamento
e a melodia do meu radinho de pilha
traz lembranças da juventude
no cair da esquina
verde nostalgia

lá do outro lado
as pessoas se machucam
e a nossa gente
corre e nos abraçam

tanto agasalho e nada de frio
é o inverno do nosso Rio

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Fim dos dias

o mar avança costa adentro
o surfista dropa sua última onda
ela diz pela última vez eu te amo
ele trai pela última vez sua esposa

o menino pede pela última vez sua esmola
na rua que perambula pela última vez
um casal de velhinhos de mãos dadas
esperam o fim deitados na cama

e pela primeira vez ele tenta
beijar a mulher a quem tanto ama.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Enquanto você dormia

I
era uma noite fria
quando a neblina cobria o pasto,
jovens afoitos se
escondiam,
homens e mulheres se
amavam,
aquela suave brisa se
encarregava
de oferecer a fabulosa sinfonia.

II
(seus olhos refletiam a luz dos meus,
suas mãos juntas às minhas nos aqueciam,
a noite favorecia um simples amor
em pleno apogeu
nossos corações, em perfeita harmonia,
selavam o que de melhor havia
nos olhos e mãos que se acolhiam.)

III
sem qualquer explicação
este amor que parecia fácil
desmancha-se
diante de seus olhos que
lacrimejavam
em uma ardência profunda
fora então, de repente, o que de mais cruel poderia lhe acontecer
naquela noite em que tudo era perfeito.

IV
(vaguei pela noite a procura de um porquê,
desejei àquela hora como a última de minha vida,
desejei que aquele momento fosse apenas um sonho
e então
chorei,
mais e mais,
como nunca havia chorado antes
algo me sufocava,
doía de tal forma
que eu não pude me conter
então fechei os olhos
quem sabe a noite derradeira em profundo descanso fizesse-me esquecer.)

V
e assim aconteceu o que não podia,
aqueles olhos e mãos já não o acolhiam,
inexplicavelmente, o repudiam
seu coração estava em pedaços
dormia ao relento naquela noite fria,
quem sabe a morte lhe seria a melhor saída
mas ao abrir os olhos
se deparou com uma rosa e um bilhete que dizia:

VI
(Meu amor,
perdoe este coração que não sabe amar
pudera eu demonstrar o que sentia,
quisera eu, por entre seus braços, me fazer mulher
ser toda sua dia-a-dia
pois estas gotas
que limpaste em teu rosto
não foi o orvalho que a ti cobria,
foi o meu amor que em lágrimas
derramei
enquanto você dormia.)

terça-feira, 19 de agosto de 2008

No motel

— Surpresa!
— rá rá rá! O que é isso? (se escangalhando de rir)
— É pra você amor. Não gostou?
— Sei lá... mais ou menos.
— Mas você não disse que odeia pêlos?
— Eu odeio pêlos em mim.
— Então quer dizer que eu depilei o peito e a barriga à toa? Estou parecendo um pintinho pelado à toa?
— Ah... é que ficou um pouco diferente. E além do mais, eu até gosto dos seus pelinhos.
— Poxa, eu pensei que iria te agradar.
— Tudo bem, depois cresce de novo.
— Essa porcaria tá pinicando!
— Tá vendo como que nós mulheres sofremos com depilações.
— Sofrem porque querem. Eu sempre te pedi pra deixar crescer os pelinhos da perna e dourá-los. Odeio esse negócio de coxa com pêlos até o joelho.
— Ah, não, eu não vou ficar igual a uma ursa por sua causa.
— Mas eu posso ficar com essa aparência de garoto de programa barrigudo!
— Eu não te pedi pra fazer nada disso.
— Eu fiz porque achei que iria te agradar, mas você nunca está satisfeita com nada. Sua frieza me mata!
— Você é que não consegue mexer comigo.
— Você sempre me pareceu satisfeita. Então você mente pra mim há todo esse tempo?
— Que “há todo esse tempo”? Nós só estamos juntos há 3 meses.
— Tá bom... A gente não veio a esse motel pra ficar discutindo, né?
— Agora eu perdi a vontade.
— Como assim!? Olha pra mim, eu ainda estou cheio de gás.
— Até parece... (rindo) Nem se você fosse um botijão estaria cheio de gás. Aliás, eu nunca te vi com gás.
— Pois não parece, porque você sempre fica com um sorrisinho safado depois que a gente transa. É tudo fingimento?
— Não, porque eu me concentro bem.
— Eu é que sou bom mesmo!
— Bom!? Até o Astoufo, meu ursinho de pelúcia, é melhor do que você.
— Você transa com seu ursinho de pelúcia?
— Só uso a patinha dele.
— Não acredito. A gente precisa conversar sobre isso.
— Sobre o Astoufo? Não liga não, ele...
— Não. Sobre a nossa vida sexual. A gente só se vê uma vez por semana. Precisamos fazer mais sexo.
— Como precisamos? Eu faço sempre.
— O quê!? Você sai com outros caras?
— ué, nós nunca falamos em exclusividade.
— Ai meu Deus, eu não acredito nisso! Eu pensei que você estivesse só comigo.
— Pra ser sincera, eu nem tô mais querendo ficar com você.
— E você vem me dizer isso logo aqui?
— Você não me deu outra escolha.
— Eu não acredito! Você me trai com outros caras, não tem tesão por mim, transa com um ursinho de pelúcia... Tem mais alguma coisa bizarra sobre você que eu ainda deveria saber?
— Eu nunca te cobrei.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Uns nomes

“um breve ensaio sobre o nome e seu uso cotidiano”

Quando nascemos recebemos um nome, um nome que será nossa marca, nossa identidade e que por mais que não gostemos dele, pois não foi da nossa escolha, é ele que carregaremos até a morte, aliás, o nome é a única coisa que podemos levar conosco para a eternidade. Somos dependentes desta marca classificatória, a que nos distingui das outras pessoas. Precisamos a todo o momento do nome, precisamos a todo o momento nos identificar. E gostamos de ser identificados, é quase uma questão de vaidade.
A técnica mais antiga de identificação era a tatuagem, já utilizada pelos romanos para marcar os mercenários de suas tropas. A partir do século XIX a fotografia, a medição antropométrica e a datiloscopia passaram a ser fundamentais no trabalho de identificação das pessoas. No Brasil, a cédula de identidade, mais conhecida sob as iniciais RG (Registro Geral), traz, além do nome do portador, o de seus pais, o da cidade e o do Estado em que nasceu, o dia, mês e ano em que veio ao mundo, uma foto, a impressão digital do polegar direito, a cidade, o estado, a data, o número de matrícula do funcionário responsável, sua assinatura e o emblema da polícia civil, entre outras informações. Daí o olhar de espanto e desconfiança presentes em todas as fotos das carteiras de identidade. Mas tudo isso não se faz merecedor de atenção, o importante mesmo é o nome, mesmo que não seja de muito grado do seu dono como aqueles nomes fáceis de rimar com alguma coisinha cabeluda ou aqueles em que é preferível ter um apelido.
A palavra nome vem do latim nomine, nome. Durante muitos séculos, o nome de batismo supria o do registro civil. Era comum os bebês receberem nomes de santos. No Caso do príncipe que proclamou nossa independência, seu nome completo era Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon. Bragança era da família real do pai, D. João VI. E Bourbon, da realeza espanhola da mãe, Carlota Joaquina. D. Pedro I foi o 27º rei de Portugal, com o título de Pedro IV, e o primeiro imperador do Brasil (só a título de curiosidade).
Não faço muita questão que me chamem pelo meu nome, já me acostumei a ser chamado por algumas pessoas de Carlinho, Luisinho, Fábio e o mais atual de todos, Edu. Não sei o que fazer, fico tímido, não consigo corrigir a pessoa dizendo que este não é meu nome. Sou cordial, isto não me cria grandes problemas. Um grande amigo meu, que lá se vão uns 15 anos, não consegue me chamar de outra coisa que não seja Luisinho e em uma ocasião especial, numa tentativa sem sucesso, tentei corrigi-lo e ele simplesmente me respondeu: – Tudo bem Luisinho. Desisti completamente de esboçar qualquer esforço para manter intacta minha identidade.
A sociolingüística na analise da conversação trata o nome como um par adjacente que corresponde ao chamamento e reconhecimento. Daí a idéia central de termos um nome para sermos identificados e reconhecer quando somos solicitados. Cabe a nós, pelo menos, falar o nome certo das pessoas, ou como eu, atender a vários nomes.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ele

deixa ele
ele pensa que assim que se é feliz
essa exposição falsa de alegria
é só uma maneira de enganar a tristeza

é demais sua arrogância!
quem ele pensa que é?
ah, pobre rapaz!
pobre alma cheia
de verdade própria
que não ouve
nem a própria
voz da consciência
paciência!

decifra-lhe ou ele te devora.

deixa ele
deixa ele viver sozinho
ele é um produto de si mesmo
ele não sabe dividir

Não é assim
uma rosa não é feliz sozinha
no jardim
o beija-flor
não beija a flor
que o ignora cheia de soberba.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Olha pra mim

olha pra mim
mas olha sem pena
só estou aqui
porque quiseram assim
e nada foi fácil pra mim

olha pra mim
ore por mim
de onde venho ninguém me quer

não tenho mais a inocência de uma criança
nem tampouco a maturidade de um adulto
o que carrego comigo
é o que aprendo da vida
e a esperança já não me acompanha

ainda tenho um rosto infante
mas nele trago as marcas
dos anos que passam depressa
e no corpo as chagas da violência
que teimam em arder

não sou criança
nem sou adulto
sou o fruto da misericórdia que alguém esqueceu
as lembranças do passado, que ainda está presente,
me perseguem (carrego algumas com amor e outras com rebeldia)
mas apesar de tudo
ainda consigo sorrir
sem ao menos questionar...

o que te posso dar
é somente o que perdi:
dou a minha infância tão violada,
o sorriso, quando na verdade, quero chorar
a firmeza de um coração sem piedade,
quando na verdade, quero um abraço de amigo
a inteligência apetecida de saber

aprendi que não se deve esperar das pessoas
mais do que aquilo
que elas possam oferecer,
pois somos assim,
seres humanos
burros e falhos
ninho de ignorância do aprendizado vil.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Receita prática de pavê de chocolate

separe todos os ingredientes
para depois transformá-los num só
creme delicioso e bem quente:
creme de leite e chocolate em pó,
leite integral pro biscoito molhar,
leite condensado pra adocicar
e maisena só para engrossar.

misture o leite
– duas medidas –
creme de leite,
a maisena
– uma de chá –
o leite moça
– pra adocicar –
e o chocolate
– pra pretinho ficar –

agora mexa por alguns minutos
a fogo baixo pra não empolar
com colher-de-pau – já vou explicar –
espere até mingau assim virar.

enquanto o mingau esfria um pouco
nunca se esqueça da colher-de-pau
você vai se distrair como um louco
lambendo por toda a colher-de-pau.

depois de lambida toda colher
comece o delicioso pavê
molhe o biscoito no leite integral
coloque na forma distribuído

biscoito
e creme
biscoito
e creme
biscoito
e creme

e agora pro pavê ficar fechado
salpique-lhe todo de granulado

coloque embalado na geladeira
deixe o pavê esfriar um pouquinho

e quando mais tarde, sirva ele assim:

um pouquinho pra você
um pouquinho para mim.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Turismo. Destino: Túnel de Fortaleza

Quem vem ao Rio de Janeiro tem como atração turística algumas favelas. A prefeitura oficializou as favelas como destino já incluso no roteiro de viagem do turista, principalmente o estrangeiro. O turista vem e conhece a cidade por um outro ângulo. O Rio é lindo olhado do alto do pão-de-açúcar, do corcovado, das praias sempre belas, mas a vista da favela da rocinha, por exemplo, poucos conhecem e é uma das coisas mais lindas. Foi muito inteligente quem bolou esta idéia.
Alguém aí ainda se lembra daquele milionário assalto ao Banco Central de Fortaleza? Pois então, a prefeitura daquela cidade está deixando de lucrar muito com seu novo túnel que, assim como as favelas do Rio, está famoso no mundo inteiro. Por que não incluir o passeio ao túnel no roteiro de viagem?
Sem exagero nenhum, o túnel que foi construído para assaltar o Banco Central pode ser considerado um marco na história da engenharia moderna, sem ao menos ter usado recursos milionários. Ele tem 80 metros, foi construído a 4 metros de profundidade e passa debaixo de casas e até de uma avenida, e ainda conta com um moderno sistema de refrigeração. Em vez de fechá-lo, como pretende fazer a prefeitura, deveria mantê-lo aberto e aberto ao publico, pois, com certeza, qualquer um teria curiosidade de conhecê-lo.
Imaginem só que legal! Você vai a Fortaleza, conhece as praias, as dunas, os museus, pontos históricos e outras “cositas mas”, e depois vai ao túnel (que poderia até ter um nome legal, mas eu já estou dando a idéia do turismo; o nome fica para outro inventar), percorre todo os seus 80 metros, sai diretamente no cofre do BC e ainda conhece um pouco do nosso sistema financeiro. Não é demais!? Nossa! Eu deveria fazer Turismo. Ninguém visita um Banco Central; as pessoas visitam praias, museus, restaurantes, e etc e tal, mas Banco Central não!
Não sei se estou conseguindo ser engraçado, mas nem queria... A idéia é séria!
Pensem nisso.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

A mesa ao lado

Sentou-se perto de mim. Suas curvas, sua anca, sua forma, era tudo tão exuberante que teve de se ajeitar para sentar. Suspendeu as partes médias da calça mexendo as pernas de forma com que se encaixassem em suas dobras e curvas. Não era gorda, era gostosa! Mexeu nos cabelos. Seus dedos deslizavam livremente e sedosamente por entre eles, fazendo exalar um delirante perfume. Fiquei num estado de êxtase profundo. Nunca alguém me tivera despertado tão delicada atenção. Seus movimentos eram sutis como rosas bailando à brisa da manhã. Mexeu novamente nos cabelos e bocejou. Nunca um bocejo foi tão sensual na boca de alguém como aquele ali expelido. Mexeu na blusa deixando escapar uma inocente revelação de sua barriga. Linda! Uma pele amorenada... Parecia ser tão sedosa e quente (assim como dever ser). Meus olhos estavam hipnotizados. Inércia total. Prendeu os cabelos deixando mais uma vez escapar, inocentemente, mais uma parte sensual de seu corpo. E que nuca! Meus lábios umedeciam à espreita de um toque. Sua respiração parecia ensurdecedora. Não conseguia me ater ao que estava fazendo. Só pensava em como chamar a sua atenção. Ouvi um sussurrar de sua voz e outro bocejo. Seu olhar agora estava distante. Se distraiu por um instante e eu não me distraí um segundo sequer de seus movimentos.
Finalmente ela sorriu! Um sorriso assim infante. Era algo transcendental que delatou uma euforia em meu fugaz coração. Meus batimentos cardíacos saltitavam pelos poros. Não estava conseguindo controlar a minha ânsia... Ah! enfim ela virou.
Pudera eu ter sentido só um toque em seus cabelos, o perfume de sua nuca, o calor do seu umbigo e pra mim ter dedicado aquele lindo sorriso. Mas de tudo isso eu só podia ter uma coisa: o contemplar dos seus sentidos.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Julieta




Não era isso que esperava da vida
E depois de tudo já ter vivido
Se encontrar deitada, esvaecida
Sobre aquela cama fria de asilo.

Não se tortura, e nem se lamenta
Do sopro de vida que inda lhe resta
O remorso quase não aparenta
Está tudo de bom e nada presta.

Encanta e encanta-se num sorriso
E canta no canto dos tempos idos
Feito encantos em cantos de canárias

Na espera do leito derradeiro
Julieta lembra do companheiro
Saudando as figueiras centenárias.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O que faz Carlo quando está longe de tudo aquilo que lhe traz felicidade

I
Caminha em passos
breves
as mãos nos bolsos
vazios
lembra daquelas
duas bandeiras
de fitas
que viu numa manhã
de quinta
e que até hoje
não faz nenhum
sentido
pra ele
(assim como o menino encolhido na
calçada)

II

Sorri um sorriso tímido
de si mesmo
por achar
que aquelas
fisgadinhas no
peito possam ser
lembranças de um antigo amor

bobo que só ele
ainda tem esperanças
de que em algum dia
naquela cidade quente
ainda vá fazer frio

fica pasmo ao descobrir
que tudo aquilo
que achava saber sobre as
três Marias
não passava de mera
brincadeira de criança
e que o céu está
muito além do que seus olhos
podem ver

III
Pensa na pelada de sábado
que não vai há meses
e na chuteira nova
que precisa comprar

e de repente
uma euforia
como aquelas de quando criança
toma conta dele
mas que na verdade
ainda são
aquelas fisgadinhas.

Aí quando ele acha que tudo está sob
controle
ela aparece com o
seu jeitinho simples
água, sal, calor
e pronto.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Desconstrução

Entrou no botequim como se fosse um pássaro
Pediu um “mé” que fosse bem mais aromático
Ergueu a aguardente como se fosse um lábaro
Os breves goles só lhe deixaram mais trêmulo

Bebeu a aguardente como se fosse o último
Gole de anis, licor de hortelã ou de pêssego

Olhava pra uma senhora se achando o máximo
Piscava e paquerava em gestos nada lógicos

Queria ainda que o tratassem como o único
Cliente, porque se dizia muito assíduo

Foi posto para fora e ficou estático
Lançou depoimentos altamente apócrifos
Gritou, esbravejou e tropeçou nas sílabas
Falou muita besteira sem nenhum escrúpulo
Perdeu todo seu respeito feito um decrépito
E atravessou a rua extremamente bêbado

Sentou no meio-fio e debulhou-se em lágrimas

Morreu anos depois com problemas no fígado.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Saciar a fome também me sacia

estou com fome e
o ranger da porta
(de desejo apetecido
de óleo Singer)
lembra o ranger
dos meus dentes
que estão apetecidos
de carboidratos, gordura
hidrogenada, gordura
trans, ou qualquer
outra coisa
que me engorde e que
aumente meu tecido adiposo
— fonte interminável
de calor — (pele, epiderme...
pêlos pelos poros
pálidos e polidos)
fico estático
olhando extático
os nossos desejos
tão semelhantes
e distintos
levanto e saio
enquanto a porta
na volúpia dos
seus movimentos
ainda chora
volto com o óleo Singer
sacio sua fome e
lhe encho de alegria
(saciar a fome também me sacia)

Parto astrológico

– Amor, to com dificuldades de engravidar.
– Eu também.
– Hã!
– Quer dizer, to com dificuldades de engravidar você.
– Mas a culpa não é sua.
– Com certeza!
– Como assim, é minha?!
– Hã! Não, não é minha nem sua.
– Pois é.
– Pois é... vamos adotar?
– Não. Não é a mesma coisa. Eu quero um bebê que saia das minhas entranhas, entende?
– Eu também. Eu também gostaria. Você já ouviu falar em inseminação artificial?
– Nem me venha com esses chás malucos da sua mãe! Da última vez, posei de rainha por duas semanas com aquele tal de “chá de sena”. Nem lembro pra quê que aquela porcaria servia.
– Você tava meio gordinha.
– Gordo é você! Eu tava um pouquinho acima do meu peso.
– Tudo bem. Não vamos mudar de assunto. Vamos falar do meu filho.
– Seu filho! Você tem um filho?
– Não meu amor, o nosso filho, o filho que queremos ter.
– Ah! Então tá então. Mas você quis dizer filha.
– Não, eu tenho certeza do que falei. Mas esse é outro assunto.
Pois então, inseminação artificial é quando inseminam artificialmente o bebê em você.
– Já grande? Que estranho!
– Não. Eles inseminam o espermatozóide no seu óvulo, sei lá, alguma coisa assim. Coisas da ciência.
– Não sei não, eu prefiro da forma tradicional.
– Eu também. Até porque fica a cargo de Deus escolher como será nosso bebê.
– Como assim, eu posso escolher?
– Sim, nós podemos escolher o sexo.
– Estou começando a gostar.
– Que bom. Então agora já podemos discutir o sexo.
– Como discutir? Já está decidido. Vai ser menina.
– É melhor tirarmos na sorte para não brigarmos. Desse jeito, escolher o sexo vai ser complicado. Olha só, mudando de assunto, já que estamos em Outubro, se fizermos logo, o bebê poderá nascer
em Junho.
– Então vai ser pro dia 21 de Junho!
– Mas você é sistemática mesmo né. Que diferença faz 20, 21...? E
como você vai escolher a data? Tá louca!
– Em vez de eu fazer parto normal, quero fazer cesariana.
– E se o médico disser que você terá de fazer o parto dia 20?
– Ué, eu espero mais um dia.
– E pra quê isso tudo?
– Bom, se ele nascer dia 20 será de gêmeos, mas se ele nascer dia 21 será de câncer. Um dia faz toda a diferença, amorzinho.

Bar & Restaurante

nada me inspira aqui
nem tchutchucas
nem cabrochas
nem cadeiras
nem as mesas
nem os quadros
que faltam na parede
muito menos a música
ensurdecedora
acompanhada
de gritos
insuportáveis
em tentativas
fracassadas
de cantar: coisa simples
que requer um mínimo
de ritmo ou simplesmente
saber de cor a letra

quando eu era criança
neste mesmo lugar
costumava correr
me esconder
jogar bola de gude
ah... as bolas de gude!
não havia gritos
nem música alta
só a paz eterna
das tardes (de todas as estações)
no colinho da vó Linda
de baixo da sombra
do pé de romã

e agora no lugar
do pé de romã
um banheiro
no lugar das bolas de gude
mesas e cadeiras
e no lugar das tardes
de polidas estações
noites temíveis de alegria

descobri que pra ser feliz de verdade
é preciso manter viva
estas lembranças
e aprender a
consumir o sumo
formidável
das coisas novas
só me resta então viver
da minha alegria insolúvel
esquecer das angústias e anseios
e beber da fonte interminável
dos prazeres

Onde a dor não se sustenta

Estes dias de tristeza
São momentos passageiros
Se me pegas na fraqueza
Meu amor é mais ligeiro

Estes dias de tristeza
Não se fazem mais constantes
Só beleza não põe mesa
Hoje tenho mais amantes

Já não sofro mais de dor
Nem meu coração lamenta
Hoje tenho novo amor
Onde a dor não se sustenta

Quem já viveu um amor
como eu, sabe a hora de esperar
é que quando se está sozinho
é difícil arrancar o espinho
sem se machucar.

O sabonete

É sedoso e perfumado
Colorido e espumante
Que no banho é tão usado
Na banheira dos amantes

Delicadas aparências
Formas côncavas, oblíquas
Eu só penso em indecências
Saboteio minhas rimas

No banheiro dos solteiros
Ele vive tão sozinho
E só tem de companheiro
Um temível pentelhinho.

Memórias do ócio

Hoje acordei
e tirei
meu pijama

fui para a sala
sentei no sofá

deitei e
cochilei no sofá
e voltei rapidinho pra minha cama

depois do café
olhei pro pijama
vesti o meu pijama
me esparramei todinho na minha cama.

Pois é...
esparramado na cama de pijama
– sem meia.

terça-feira, 25 de março de 2008

Dez breves definições para se entender o meu ser

Sonho
pra não ter que acordar
das inúmeras manhãs
de ressaca daquele
maldito traçado
de quinado com 51

Corro
porque já não há mais
motivos pra ficar parado
e meu tempo é curto
só três minutos
o que se faz em três minutos?
talvez um miojo – que nojo!

Desvio
inutilmente dos intermináveis
bacilos da gripe
expelidos através de
fortes contrações
laringo-bucais
nesta sala abafada

Desejo
noites promíscuas
de prazer, amor, sexo, orgia, ménage à trois, suruba, bacanal...
tudo pra fazer morrer
de inveja um tal
de Marquês de Sade

Deliro
delirantemente quando
vejo uma minissaia
pernas torneadas
sorriso largo
cangote perfumado
com cheiro de rosas
de lírio

Penso
porque pensando
acho que existo
logo me dou conta de
que está cada vez mais
complicado existir
(é o que penso)

Canto
pois cantando eu liberto
meu coração da dor
daquela ingrata
que me largou
e ainda ficou
com meu isqueiro

Rezo
por razões nada óbvias
que me fazem crer
que o ser humano
é limitadamente (in)capaz
de compreender
a magnitude da
força divina

Agrido
meu corpo com inúmeros
movimentos repetitivos
de estalar qualquer parte
dedos, cotovelos,
pescoço, boca,
joelhos, orelhas, e
qualquer outra
articulação que eu
venha ainda a descobrir

Acordo
pra realidade
nua e crua
dos meus retratos
e meu passado informidável
e meus poemas sem rima

Saudade

Saudade: sentimento português por excelência. Nós devemos ser privilegiados em sentir algo assim tão singular. Mas será que quando alguém diz “I miss you”, por exemplo, ela não tem o mesmo sentimento? Será que o seu coração não bate tão forte quanto o nosso?
A palavra saudade vem do latim solitate, solidão. No português arcaico, deu soedade, soidade, suidade. Mas os etimologistas não são unânimes quanto a origem deste vocábulo, tão característico do Brasil. Em árabe, as expressões suad, saudá e suaidá significam sangue pisado e preto dentro do coração, além de serem metáforas de profunda tristeza. A as-saudá é o nome de uma doença do fígado entre os árabes, ela é diagnosticada pela melancolia do paciente (só a título de curiosidade mesmo)
A espécie humana tem esta peculiaridade: o mix de sentimentos. Carregamos lembranças que ficam guardadas no fundo do coração, ou apenas na memória. O que dizer da nossa memória olfativo? Lembramos de coisas só pelo perfume. As lembranças ruins ou boas são resgatadas nos momentos em que mais precisamos: lembramos do choppinho com os amigos naquele bar, o churrasco na casa daquele amigo, um cinema, um teatro, ou um simples bate-papo com a galera na pracinha do bairro; ou uma briga com aquela amiga ou aquele amigo, ou uma discussão com o cobrador do ônibus ou a caixa do banco, que você nunca mais viu na vida. Tudo isso se transforma em emoções e sentimentos que ficam guardados e que se tornam lembranças boas que trazem saudade.
E é na hora da solidão que recordamos estes momentos tão importantes, de como foi divertido aquele dia no bar com os amigos ou naquele dia em que ríamos na pracinha, ou de como fui tão idiota em ter culpado aquela pobre caixa do banco que não tinha nada a ver com os meus problemas.
Ria, ria muito dessas lembranças, sinta saudade, chore se for preciso, mas chore de alegria. E se num instante você sentir que a tristeza é grande, deixe que o sorriso seja maior. Não faça dessas lembranças um peso que tenha que carregar, faça delas refúgio. Aproveite cada nova fase da vida para aumentar estas emoções e estas lembranças. Viaje bastante, faça novos amigos, namore muito, aumente seus conhecimentos e sua cultura. Construa um círculo infinito de pessoas marcantes em sua vida, porque com certeza um dia você vai precisar. E num momento de total necessidade de conforto, você vai se dá conta de que em algum lugar (ou vários) deste mundo, haverá alguém pensando em você e pensando no quanto foi bom ter te conhecido.


à Maria Aparecida.

A moderninha

— Precisamos dar um tempo.
— Lá vem você com essa palhaçada de tempo de novo. Não agüento mais isso! (blefando) Por que não terminamos tudo de uma vez e paramos com essa infantilidade?
— Ok. É melhor mesmo.
— O quê?! Mas você não queria só dar um tempo?
— A idéia de terminar tudo foi sua. Concordo.
— Eu não tinha idéia de coisa nenhuma. Se você quer dar um tempo, vamos dar um tempo então. Eu aceito o tempo.
— Eu estou confusa.
— Eu sabia. É alguma coisa com o emprego novo, né? Você está gostando de outra pessoa?
— Não existe outra pessoa.
— Ah, então o problema sou eu?
— Não, o problema não é você, o problema sou eu.
— Não me venha com essa! Se o problema fosse você, quem estaria pedindo um tempo seria eu, eu é que estaria confuso.
— É que eu acho que não sou boa o suficiente pra você. Eu não te mereço.
— Mas isso quem decide sou eu!
— Você é bom demais pra mim.
— Se eu sou bom demais pra você, então não há motivos para ficarmos separados. Você me ama. Você só está um pouco cansada. É só isso.
— (já sem paciência) A verdade é que eu não te amo mais.
— Ora, ora! Pra quem estava confusa, você até que está bem certinha agora do que quer.
— É que você me irrita e me sufoca. Eu quero sair à noite com meus amigos e você me prende. Isto está me incomodando muito.
— Vamos conversar com calma. Eu mudo meu modo de ser, só não podemos terminar.
— Não dá mais. Eu estou ficando com outro cara.
— Mas você me disse...
— Era mentira! E a gente já está ficando há algum tempo.
— Moderninha, hein! Daqui a pouco você está fumando...

Nosso destino era nunca nos beijarmos

Foi preciso anos para nos darmos conta de que fizemos tudo errado. Acho que se fosse hoje conversaríamos mais. Talvez eu não teria guardado por tanto tempo aquele sentimento que era tão gostoso, tão mágico, tão puro e inocente, e que ao mesmo tempo era cruel, que me fazia sofrer. Eu sabia que você me amava, mas tinha medo de perguntar. Você sabia que eu te amava, mas nunca perguntou.
Difícil é acreditar que talvez nada disso pudesse acontecer em nossas vidas. E se eu nunca te esperasse para irmos juntos pra casa? E se eu não passasse horas a fio só olhando pra você admirando sua beleza e ignorando seus defeitos? E se eu nunca tivesse brigado com aquele menino que estava te abraçando, mesmo morrendo de medo de brigar? E se você nunca tivesse feito carinho nos meus cabelos até eu adormecer? E se eu não tivesse te ensinado o significado de “O lábaro que ostentas estrelado”, e você não tivesse me ensinado aquela frase em inglês, que até hoje eu repito: “are you crazy, boy!”? E se a gente não ficasse todo santo dia juntos, só por ficar. Lembra que eu parei de usar perfume porque você era alérgica? Lembra que você me esnobava porque suas notas na escola eram melhores que as minhas? Lembra de tudo isso? E se nada disso tivesse acontecido? Difícil é tentar entender as armadilhas que o tempo nos prega. Quando se é criança é bem mais simples amar. Quando se é adulto é bem mais complicado entender o que o coração quer dizer.
Ah, se soubéssemos que seria tão simples entender o que pareceu ser tão complicado naquela época. Mas a gente tinha que estragar tudo! Foi preciso um beijo, um único beijo, que, inexplicavelmente, foi o último. Mas o melhor de todos os beijos, uma sinestesia absurda: perfume, calor, sabor. O beijo que ficou congelado na minha memória. E depois desse beijo, nunca mais um sorriso,um abraço, um gesto de carinho, nada. Só o silêncio inoportuno de anos inexplicáveis de distância.

Versos Diversos

Se um dia tu quisesses
Deste amor que só faz bem...
Quanto brilho tens nos olhos!
Fez nascer amor a quem?

Um a um foi se partindo
Um a um amor e preces...
Vozes lindas te daria
Se um dia tu quisesses.

Quando passas mal me vê
Quando passo vejo a ti
Mas um dia há de passar
E sorrir só para mim

De amor não chorarias
Ai que ânsia e vontade!
De te ter sempre sorrindo
Nos meus braços de verdade.