quinta-feira, 26 de junho de 2008

Olha pra mim

olha pra mim
mas olha sem pena
só estou aqui
porque quiseram assim
e nada foi fácil pra mim

olha pra mim
ore por mim
de onde venho ninguém me quer

não tenho mais a inocência de uma criança
nem tampouco a maturidade de um adulto
o que carrego comigo
é o que aprendo da vida
e a esperança já não me acompanha

ainda tenho um rosto infante
mas nele trago as marcas
dos anos que passam depressa
e no corpo as chagas da violência
que teimam em arder

não sou criança
nem sou adulto
sou o fruto da misericórdia que alguém esqueceu
as lembranças do passado, que ainda está presente,
me perseguem (carrego algumas com amor e outras com rebeldia)
mas apesar de tudo
ainda consigo sorrir
sem ao menos questionar...

o que te posso dar
é somente o que perdi:
dou a minha infância tão violada,
o sorriso, quando na verdade, quero chorar
a firmeza de um coração sem piedade,
quando na verdade, quero um abraço de amigo
a inteligência apetecida de saber

aprendi que não se deve esperar das pessoas
mais do que aquilo
que elas possam oferecer,
pois somos assim,
seres humanos
burros e falhos
ninho de ignorância do aprendizado vil.

Um comentário:

Rebecca Garcez disse...

muito lindo o que escreveu!

beijos, muito Amor.