quarta-feira, 17 de março de 2010
Duelo
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Paulinho Motta no Blog do Bolha
Deliciem-se.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Room in Brooklyn

i.
O sol da manhã lançava as suas primeiras notas no céu, acordando pouco a pouco a cidade. Marie já estava devidamente sentada de frente à janela do canto do quarto. Deu o primeiro gole no chá de framboesa, queimando levemente a língua. Deixou a xícara de lado, de modo que a bebida esfriasse um bocado. Abriu o caderno de capa azul e releu os últimos parágrafos que havia escrito na noite anterior. Respirou fundo e sentiu o olhar se perder na imagem dos personagens que criara.
Marie não mais se identificava ali. Nada mais parecia óbvio. Voltou algumas páginas. Suas percepções se alternavam a cada instante. Não entendia porque Olivier Charcot havia aparecido. Marie queria mais. O que havia feito até então não mais a correspondia.
Olhou novamente para o céu. Se espantou com seu tom ainda mais azulado. Buscava agora entender o que as nuvens queriam lhe dizer com aqueles enigmático desenhos.
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ii.
Naquele primeiro dia de céu azul, a Sra. Benjamin conseguiu finalmente sair da cama. Sentou-se na salinha ensolarada, passeando os olhos pelos telhados de Nova York, às vezes pousando sua melancolia sobre o vaso de tulipas.
Até aquele momento — e a guerra acabara há seis longos meses! — ela não havia recebido uma única linha de Arthur. Estaria ainda naquele povoado da Itália? Estaria ferido? Teria se esquecido de tudo? Quem sabe perdera a memória para sempre, vítima de algum estilhaço no cérebro?
Uma brisa fria entrava pelos cantos, apesar do sol que batia em seus pés, e ela estremecia de frio e de medo.
Caminhou até a cozinha e abriu a dispensa, sem saber o que iria encontrar. Há mais de uma semana não ia ao mercado — estava mesmo sem apetite nos últimos dias — e, quando conseguia levantar da cama, obrigava-se a engolir uma torrada, às vezes acompanhada de um copo de leite.
Nada mais naquela casa fazia sentido. O chá já não tinha mais sabor, e as manhãs já não mais lhe inspiravam a escrever cartas sem respostas. Desde que Arthur partiu sofria (talvez fosse por problemas no fígado), mas de qualquer maneira sofria.
As lembranças vinham a todo momento. Queria controlá-las, mas já não era dona de si mesma.
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Alexia Bomtempo
Elaine Olanda
Maria Helena Malta
Paulo Henrique Motta
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Estes dois contos foram escritos a 4 mãos num exercício de escrita da aula de Teoria da Literatura da professora Rosana Khol. A tarefa consistia em escrever o quanto desse num determinado tempo, tomando como ponto de partida para a inspiração a pintura Room in Brooklyn de Edward Hopper e depois passar para o colega do lado para que ele continuasse. Assim, cada um escreve no seu estilo, mas continuando a ideia anterior.
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Blow-up
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Dois copos de whisky
das incertezas e
promessas
e me levaria
aos meios e
aos termos
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Pitéu
pensar que nas
mãos levarei
um
bom
bom
um
cigarro
ou
uma
flor
espere
porque quando eu chegar
pularei em cima de você
como quem faz as pazes
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Beatriz
mas o meu sorriso é sincero
do prazer da descoberta da pele,
do cheiro e dos sinais [gotas de
chocolate que se espalham pelo corpo]
não adianta ser impaciente, porque
a automatização engole os hábitos
nossos fluidos já não são mais novidade e
nossa intimidade não é mais segredo
suas aleivosias já não me surpreendem
tampouco seu cinismo e descomedimento
aspas e indiferença é que me incomodam
no mais sou tolerante
só pra poder te exibir e provar
que você ainda é minha
mesmo tendo nós trocas poucas
e palavras
curtas
e meio sinceras
massagem no ego
é muito abstrato
eu gosto é de contato
de te sentir
mesmo que não estejas mais aqui
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Super-herói
eu atravesso a janela
com a minha capa de toalha
vejo a paz
em espelho
na lagoa
e a calma da cidade
e volto em meu vôo veloz
pra casa
[heróis também têm
medo de altura]