terça-feira, 25 de março de 2008

Dez breves definições para se entender o meu ser

Sonho
pra não ter que acordar
das inúmeras manhãs
de ressaca daquele
maldito traçado
de quinado com 51

Corro
porque já não há mais
motivos pra ficar parado
e meu tempo é curto
só três minutos
o que se faz em três minutos?
talvez um miojo – que nojo!

Desvio
inutilmente dos intermináveis
bacilos da gripe
expelidos através de
fortes contrações
laringo-bucais
nesta sala abafada

Desejo
noites promíscuas
de prazer, amor, sexo, orgia, ménage à trois, suruba, bacanal...
tudo pra fazer morrer
de inveja um tal
de Marquês de Sade

Deliro
delirantemente quando
vejo uma minissaia
pernas torneadas
sorriso largo
cangote perfumado
com cheiro de rosas
de lírio

Penso
porque pensando
acho que existo
logo me dou conta de
que está cada vez mais
complicado existir
(é o que penso)

Canto
pois cantando eu liberto
meu coração da dor
daquela ingrata
que me largou
e ainda ficou
com meu isqueiro

Rezo
por razões nada óbvias
que me fazem crer
que o ser humano
é limitadamente (in)capaz
de compreender
a magnitude da
força divina

Agrido
meu corpo com inúmeros
movimentos repetitivos
de estalar qualquer parte
dedos, cotovelos,
pescoço, boca,
joelhos, orelhas, e
qualquer outra
articulação que eu
venha ainda a descobrir

Acordo
pra realidade
nua e crua
dos meus retratos
e meu passado informidável
e meus poemas sem rima

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