terça-feira, 25 de março de 2008

Saudade

Saudade: sentimento português por excelência. Nós devemos ser privilegiados em sentir algo assim tão singular. Mas será que quando alguém diz “I miss you”, por exemplo, ela não tem o mesmo sentimento? Será que o seu coração não bate tão forte quanto o nosso?
A palavra saudade vem do latim solitate, solidão. No português arcaico, deu soedade, soidade, suidade. Mas os etimologistas não são unânimes quanto a origem deste vocábulo, tão característico do Brasil. Em árabe, as expressões suad, saudá e suaidá significam sangue pisado e preto dentro do coração, além de serem metáforas de profunda tristeza. A as-saudá é o nome de uma doença do fígado entre os árabes, ela é diagnosticada pela melancolia do paciente (só a título de curiosidade mesmo)
A espécie humana tem esta peculiaridade: o mix de sentimentos. Carregamos lembranças que ficam guardadas no fundo do coração, ou apenas na memória. O que dizer da nossa memória olfativo? Lembramos de coisas só pelo perfume. As lembranças ruins ou boas são resgatadas nos momentos em que mais precisamos: lembramos do choppinho com os amigos naquele bar, o churrasco na casa daquele amigo, um cinema, um teatro, ou um simples bate-papo com a galera na pracinha do bairro; ou uma briga com aquela amiga ou aquele amigo, ou uma discussão com o cobrador do ônibus ou a caixa do banco, que você nunca mais viu na vida. Tudo isso se transforma em emoções e sentimentos que ficam guardados e que se tornam lembranças boas que trazem saudade.
E é na hora da solidão que recordamos estes momentos tão importantes, de como foi divertido aquele dia no bar com os amigos ou naquele dia em que ríamos na pracinha, ou de como fui tão idiota em ter culpado aquela pobre caixa do banco que não tinha nada a ver com os meus problemas.
Ria, ria muito dessas lembranças, sinta saudade, chore se for preciso, mas chore de alegria. E se num instante você sentir que a tristeza é grande, deixe que o sorriso seja maior. Não faça dessas lembranças um peso que tenha que carregar, faça delas refúgio. Aproveite cada nova fase da vida para aumentar estas emoções e estas lembranças. Viaje bastante, faça novos amigos, namore muito, aumente seus conhecimentos e sua cultura. Construa um círculo infinito de pessoas marcantes em sua vida, porque com certeza um dia você vai precisar. E num momento de total necessidade de conforto, você vai se dá conta de que em algum lugar (ou vários) deste mundo, haverá alguém pensando em você e pensando no quanto foi bom ter te conhecido.


à Maria Aparecida.

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